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Star Wars Saga Edition RPG, o livro capítulo a capítulo

Confira um pouco mais sobre o conteúdo do Saga Edition de Star Wars.


Por: Zamboman | 23/01/2020

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Mestre RPG

No nosso post anterior sobre Star Wars: Roleplaying Game – Saga Edition Core Rulebook, falei um pouco sobre a versão da West End Games que era baseada em D6 e sobre a primeira versão em D20, publicada pela Wizards of the Coast.

Depois do lançamento dos novos filmes (os episódio I, II e III) abriu-se uma nova oportunidade para atualizar os conteúdos já publicados, expandindo o universo do jogo. Além disso, na mesma época a Wizards estava lançando seu jogo de miniaturas de Star Wars e o novo livro foi uma tentativa de incentivar (e popularizar) o seu uso no RPG de mesa.

Como mencionei anteriormente, o livro segue a mesma estrutura básica dos demais livros de D&D, com algumas mudanças. Como o livro nunca teve uma versão oficial em português, tomarei a liberdade de traduzir livremente alguns termos.

Começando do início

O livro é composto por 16 capítulos + introdução. Seguindo a ordem apresentada no livro, temos:

Introdução

Em linhas gerais, apresenta para o leitor o que é RPG, dá exemplo de uma sessão de jogo e ainda explica toda a terminologia que você vai encontrar ao longo do livro. Algumas mecânicas são brevemente mencionadas e depois recebem uma explicação mais detalhada em outros capítulos.

Habilidades

Aqui temos as 6 habilidades básicas, presentes em todo sistema D20: Força, Destreza, Constituição, Inteligência, Sabedoria e Carisma, com uma breve explicação do seu uso em jogo. O capítulo ainda explica como gerar os valores de atributos com rolagens ou usando valores pré-definidos.

Espécies

Em outros livros de RPG você encontra raças (elfos, anões, etc..), em Star Wars nós temos Espécies. Não temos toda a diversidade vista nos filmes, mas boa parte das espécies mais conhecidas ou vistas nos filmes, estão disponíveis para os jogadores. São elas: Humano, Bothan, Cereano, Duros, Ewok, Gamorreano, Gungan, Ithoriano, Kel Dor, Mon Calamariano, Quarren, Rodiano, Trandoshano, Twi’lek, Wookiee e Zabrak. Notem que Droid não é uma “espécie” jogável, uma das minhas críticas a essa versão do sistema.

As famosas cantinas de Star Wars são locais perfeitos para encontrar outros aliens. | Fonte: Kaos Central

Como nem todas as espécies eram lembradas pelos meus jogadores, eu fiz uma “colinha” para eles. Montei em uma folha A4, todas as espécies disponíveis com suas respectivas imagens, nomes e exemplos. Muitas vezes eles queriam jogar com determinada espécie, sem se importar muito com os atributos, vantagens e afins. Um exemplo clássico é o Wookiee, por conta do Chewbacca; o Twi’lek, por conta da Aayla Secura (jedi) e Darth Talon (Sith); e o Zabrak, a raça do Darth Maul.

Classes Heróicas

Aqui você vai encontrar as regras básicas sobre os bônus de ataque, defesas, pontos de vida e a famosa tabela de pontos de experiência, que diga-se de passagem, dificilmente uso.

Nesta versão do livro, as classes de personagem foram reduzidas a apenas 5: Jedi, Noble, Scoundrel, Scout e Soldier, e aqui cabe uma observação. Scoundrel e Scout foram classes que sempre geraram discussões (pelo menos nas minhas mesas)  à respeito da melhor forma de se traduzir. Scoundrel pode ser livremente traduzido como Patife, Canalha ou Malandro. Já para Scout poderíamos usar Batedor, Escoteiro, Olheiro, algo próximo a uma sentinela avançada.

Pois bem, o livro apresenta personagens dos filmes para exemplificar as classes e aqui aparecem Han Solo e Chewbacca, como Scoundrel e Scout, respectivamente. Na minha visão, ambos são contrabandistas e a palavra Smugler seria mais apropriada para descrever esses dois personagens, se bem que no caso específico do Han Solo, Patife e Canalha também seriam boas traduções =D.

Se fosse no Brasil, Han Solo a classe do Han Solo poderia ser Trambiqueiro. | Fonte: Star Wars Fandom

O Noble seriam personagens mais focados em roleplay, pois são os políticos e articuladores de Star Wars. A Princesa Leia e Padmé/Rainha Amidala aparecem listadas aqui. O Soldier é a classe genérica para qualquer soldado ou combatente, incluindo aí os Rebeldes e Stormtroopers, para manter os estereótipos. E fechando com o Jedi, que são os usuários treinados no uso da Força e do Sabre de Luz.

A cada nível ímpar, cada classe pode adquirir um Talent, uma espécie de característica especial da classe. Cada novo Talent deve ser escolhido de dentro de uma lista pré-determinada chamada Talent Tree. Por exemplo, um jogador que escolha jogar com um Jedi, pode optar pelas seguintes talent tree: Jedi Consular Talent Tree, Jedi Guardian Talent Tree, Jedi Sentinel Talent Tree e Lightsaber Combat Talent Tree. E cada uma dessas possui pequenas especializações dentro delas. Quer mais um exemplo? Bloquear e redirecionar o disparo de um blaster laser é um item específico dentro do Lightsaber Combat Talent Tree, chamado Redirect Shot e que tem como pré-requisito outro item chamado Deflect, que é o ato de repelir/bloquear disparos laser, mas sem redirecionar.

O mesmo vale para as demais classes, cada uma com suas especializações. Com isso, você consegue criar personagens bem singulares, adaptados ao seu estilo de jogo. E aqui cabe novamente uma outra dica. Fiz um resumo (no Word) de cada classe e suas Talent Tree e mandei imprimir e encadernar cada uma separadamente. Isso agiliza a criação de personagens, pois facilita a consulta por parte dos jogadores e durante as sessões, quando alguém precisava lembrar alguma regra ou detalhe do seu personagem, também ficava fácil consultar o material.

Perícias

Selecione bem suas perícias durante a evolução do seu personagem. | Fonte: Mattrhodesart

Assim como muitos (ou quase todos) jogos, também temos uma lista de perícias, que são habilidades ou coisas que o personagem sabe fazer. Porém, ao invés de comprar ou escolher as perícias com pontos (ou similares), em Star Wars Saga Edition cada classe já vem com uma lista pré-definida de perícias que você pode escolher, sendo que algumas você não pode usar se não for treinado nela.

Cada perícia possui várias sub-perícias que ajudam o Mestre e jogadores a definir melhor o tipo de tarefa ou desafio que está sendo colocado. Vamos a um exemplo prático: a perícia Mechanics (Mecânica, em tradução livre). Primeiro, você não pode usar se não for treinado, ou seja, se ela não for uma perícia de classe, a princípio, você não pode fazer um teste usando valores pré-definidos. Segundo, dentro dela existem algumas abordagens possíveis como Disable Device (Desativar Dispositivo), Handle Explosives (Manejar Explosivos) e Modify Droid (Modificar Droids) só pra citar alguns. Cada subitem desses trás exemplos de como usar em jogo, bem como algumas tabelas para orientar o mestre.

Ainda dentro das perícias, uma regra que não é exclusividade do Star Wars Saga Edition, mas sim do sistema D20, é a possibilidade de escolher 10 ou 20 na jogada de perícia. Quando o personagem não estiver com pressa e também não estiver sendo ameaçado ou distraído, ele pode optar por escolher 10, ao invés de rolar 1d20 para o teste. Ele soma o seu bônus ao resultado como faria em uma jogada normal. Para muitas tarefas relativamente rotineiras, escolher resultados 10 resulta em sucesso automático.

O mesmo vale para “escolher 20”, porém, aqui o tempo gasto é infinitamente maior (geralmente 2 minutos para uma perícia que normalmente poderia ser testada em uma rodada), e também só pode ser usando quando a perícia tentada não possuir penalidades em caso de falha. Segundo a explicação no livros, isso representa fazer múltiplas rolagens por determinado tempo, assumindo que eventualmente você poderá rolar um 20 natural.

Isso traz algumas complicações para o Mestre, pois se havia uma consequência pronta, caso o jogador não obtivesse sucesso, escolhendo 20, dificilmente essas situações ocorreriam. Perdi as contas de quantas vezes meus jogadores passaram por situações que deveriam ser desafiadoras, pelo simples fato de ficarem escolhendo 10 ou 20.

E uma última curiosidade é a perícia Use The Force (Usar a Força). Ela serve basicamente para poder ativar os poderes da Força (que falaremos em outro tópico) e te dá acesso ao Feat (algo como Feito ou façanha numa tradução mais literal) Force Sensitivity (Sensibilidade da Força), além de alguns truques menores. Porém, o mais curioso é que a classe Jedi não começa automaticamente com ela, cabendo ao jogador gastar pontos para adquirir logo no início. Se não o fizer, ele fica impossibilitado de usar os poderes da Força, mesmo tendo escolhido um Jedi. Interessante, não? Nas minhas mesas, isso fazer parte do pacote do Jedi, salvo casos onde o background do personagem não seja começar como Jedi, mas se tornar um ao longo da aventura/campanha.

Feats (Feitos)

Asajj Ventress comprou Domínio de Armas Duplas para usar 2 sabres de luz. | Fonte: Slideshow

Dependendo da tradução escolhida, você pode encontrar os Feats também como Talentos, algo que ficou bem popular com a chegada da 3º edição do D&D. Eles basicamente adicionavam ou melhoraram alguma habilidade ou característica do personagem. E com o avanço dos níveis, isso dava um certo charme as classes quando amarrado com o background do personagem, criando indivíduos realmente únicos.

Aqui não é diferente, no 1º nível e depois no 3º, 6º, 9º, 12º, 15º, e 18º, o jogador pode escolher um novo feat, respeitando os pré-requisitos, se houverem. São 64 itens disponíveis para customizar ainda mais o personagem. Lutar com duas armas, usar determinados tipos de armaduras ou sacar rápido são alguns exemplos dos feats que você pode encontrar.

No próximo post, vamos falar sobre o uso da Força e mais alguns capítulos do livro base.

Que a Força esteja com vocês.

Leia mais sobre:

Marcelo JK “Zamboman”

Jogador e Mestre de RPG desde a época em que os dinossauros caminhavam pela Terra. Fã de ficção científica, mestre de Star Wars Saga e mestre em tirar aventuras improvisadas da cartola.