The Witcher – Os livros, o game, a série e o RPG!
Geralt de Rívia, Lobo Branco, Carniceiro de Blaviken, ou apenas Bruxo. Por que estamos tão ansiosos pela série?
Por: Ghost | 18/12/2019
Salve, salve, aventureiros!!
De volta depois de um longo hiato, trazemos para vocês um breve artigo sobre um assunto que anda rendendo por aí: The Witcher.
Quem é esse cara? De onde saiu? Por que a Netflix resolveu apostar tão alto (segundo algumas fontes o orçamento da primeira temporada foi de 80 milhões de dólares) em uma série sobre um universo “novo”?
Vamos, então, responder (ou ao menos tentar) algumas destas questões.
Quem é The Witcher?
O personagem que dá título à série, Geralt de Rívia, é um Bruxo (Witcher, na versão em inglês, ou Wiedźmin , no original em polonês). Um entre vários.
Bruxos, neste universo, são seres humanos que nasceram comuns, mas ainda crianças foram submetidos ao Teste das Ervas e sobreviveram. Durante o teste uma série de poções e elixires é administrada ao candidato (vale frisar que, via de regra, o candidato não foi voluntário). O procedimento provoca dores terríveis e morte na maioria dos casos (cerca de sete em cada dez não resistem), mas aqueles que sobrevivem ganham habilidades sobre-humanas que incluem força, velocidade, reflexos, resistência, sistema imunológico e longevidade muito acima de uma pessoa normal, além de habilidades mágicas limitadas e uma forma branda de regeneração. Uma vez completado o processo, o candidato a bruxo pode iniciar seu treinamento físico, que levará alguns anos.
Geralt, especificamente, foi deixado por sua mãe na sede da Escola do Lobo (mais detalhes sobre isso adiante), o castelo de Kaer Morhen, onde foi submetido ao Teste das Ervas e demonstrou uma resistência incomum ao coquetel de elixires e poções, sendo por esse motivo submetido a mutagênicos experimentais, que fizeram com que suas habilidades fossem ainda maiores que as dos demais bruxos.
Já que falamos em Escolas de Bruxos (não, não tem nada a ver com Hogwarts, mas fãs de Harry Potter são muito bem-vindos aqui também), os livros apresentam apenas três delas:
- Escola do Lobo (sediada em Kaer Morhen. Essa é a Escola na qual Geralt foi treinado, e a única realmente detalhada)
- Escola do Gato (apenas citada. Seria formada por bruxos dissidentes da Escola do Lobo, e que tiveram suas mutações mal-sucedidas)
- Escola do Grifo (também apenas citada. Nada é dito sobre a localização da fortaleza de treinamento, ou mesmo se existiria uma).
A série de games detalha um pouco mais as escolas do Grifo e do Gato, e ainda acrescenta as seguintes:
- Escola da Víbora
- Escola do Urso
- Escola da Mantícora
Cada uma delas tem características distintas, que remetem ao animal que utilizam como símbolo.
Os Livros
O personagem foi criado pelo autor polonês Andrzej Sapkowski (sim, tive que usar o Google para escrever o nome correto. Me julguem!) e protagonizou inicialmente uma série de contos e, posteriormente, alguns romances.
Sapkowski por ser considerado uma espécie de Tolkien da Europa Oriental, sendo que seu processo criativo guarda semelhanças com o utilizado pelo nosso conhecido lorde inglês.
Assim como Tolkien tomou como base para a Terra Média as lendas da Europa Ocidental e dos Países Nórdicos, Sapkowski fez isso com os mitos do Leste Europeu. Se em “O Senhor dos Anéis” temos elfos, anões, orcs (ou orques, como preferir) e trolls, em “The Witcher” temos raças e criaturas um pouco menos conhecidos para essas bandas de cá, como Strigas (Strzyga , no original, um tipo de vampiro), e Afogadores (Topielec ou Utopiec, no original), seres que se escondem em água parada e arrastam para o fundo aqueles que se aproximam dela. E sim, também temos anões e elfos, mas com uma pegada bem diferente da Tolkeniena.
Sapkowski costuma ser comparado também com um outro autor bastante famoso: George R. R. Martin (sim, o autor de “As Crônicas do Gelo e do Fogo“, série de livros que se tornou particularmente famosa após a série televisiva “A Guerra dos Tronos”). Dessa vez a comparação não é tanto pela temática ou pelas fontes de inspiração, mas sim pela pegada mais agressiva a adulta que Sapkowski imprime em seus romances.
Os livros, todos disponíveis no Brasil, são (na ordem da publicação original):
- A Espada do Destino (1992, edição brasileira em 2012)
- O Último Desejo (1993, edição brasileira em 2011)
- O Sangue dos Elfos (1994, edição brasileira em 2013)
- Tempo de Desprezo (1995, edição brasileira em 2014)
- Batismo de Fogo (1996, edição brasileira em 2015)
- A Torre da Andorinha (1997, edição brasileira em 2016)
- A Senhora do Lago, vol. 1 e vol. 2 (1999, edição brasileira em 2017)
- Tempo de Tempestade (2013, edição brasileira em 2019)
Notem que o primeiro livro originalmente publicado foi “A Espada do Destino“, mas no Brasil este foi o segundo a ser lançado. Há uma boa razão para isso: cronologicamente “O Último Desejo” se passa antes dos contos de “A Espada do Destino” e a editora brasileira optou pela publicação em ordem cronológica.
Os livros a partir de “O Sangue dos Elfos” e até “A Senhora do Lago” são todos romances, e formam um arco completo denominado “A Saga do Bruxo Geralt de Rívia“.
“Tempo de Tempestade“, por sua vez, situa-se antes dos acontecimentos narrados em “O Sangue dos Elfos” e não faz parte do arco original.
O Game
Acontece que no ocidente a saga do bruxo Geralt nunca tinha sido muito popular, até uma que uma produtora polonesa de jogos mudou isso de forma dramática.
A hoje famosa CD Projekt Red (CDPR, para os íntimos) publicou “The Witcher” em outubro de 2007 para Windows e OS X. O jogo fez bastante sucesso na época, vendendo 800.000 cópias nos primeiros dez meses após o lançamento. Já havia, então, uma série de diferenciais, como a luz do dia mudando de acordo com a hora, efeitos meteorológicos realistas (com o tempo mudando de bom para chuvoso em poucas horas) e NPCs reagindo ao tempo, buscando abrigo quando chove, por exemplo.
O sucesso deste primeiro jogo estimulou a CDPR a produzir “The Witcher 2 – Assassins of Kings“, lançado para Windows em maio de 2011, e que ganharia versões para OS X, Linux, Xbox e Xbox One. O jogo, com grandes avanços no gráficos e nas mecânicas, vendeu quase 2 milhões de cópias no mundo todo (contando apenas até maior de 2012).
Mas foi “The Witcher 3 – The Wild Hunt” que realmente lançou a CDPR ao estrelato. O jogo principal ganhou centenas de prêmios e, tendo sido lançado para todas as principais plataformas de games (Windows, PS4, Xbox One e Nintendo Switch), vendeu mais de 20 milhões de cópias até junho de 2019.
Os destaques da série de games não são apenas no campo técnico. Todos os jogos apresentam uma narrativa extremamente cativante, além de referenciarem acontecimentos dos livros e enriquecerem o universo criado por Sapkwoski, já que inserem elementos que não estão presentes nos livros (há quem torça o nariz para esse último aspecto).
O RPG
Sim, jovens! Mais do que previsível que existiria uma adaptação de “The Witcher” para RPG de mesa. Curioso é que essa adaptação tenha chegado tão tarde, tendo sido lançada em 2018 pela R. Talsorian Games, mas já conta até com um suplemento.
Se você manja de inglês, pode experimentar o sistema de forma gratuita. No site DriveThruRpg você encontra um “fastplay” com o básico para sair jogando.
A parte boa é que se você quiser jogar com um bruxo do universo de Sapkowski em D&D 5a Edição, isso é possível sem gastar um único centavo, já que há uma adaptação da classe disponível de graça no DM’s Guild.
UPDATE [18/12/2019 21:18]: E eis que fomos surpreendidos com essa notícia de hoje: DEVIR lançará o RPG de mesa oficial de The Witcher. (Obrigado pelo toque no Facebook, Richard!)
A Série (polonesa)
Pois bem, The Witcher já faz bastante sucesso em sua terra natal há algum tempo. Sucesso ao ponto de já ter ganho um filme e uma série televisiva, ambos de produção polonesa (tudo bem que o filme é basicamente a série em um corte de pouco mais de duas horas, mas mesmo assim é um ponto a ser destacado). A série teve 13 episódios no total, e foi ao ar na Polônia em 2002 pela emissora TVP2.
A série foi cancelada devido a uma recepção não muito calorosa da crítica e do público, mas o simples fato de ter existido algo assim, 100% produzido em um país que está longe de ser reconhecido por sua indústria televisiva e/ou cinematográfica, já mostra o carinho latente por esse universo.
Se você tiver curiosidade, o site witcherbr recuperou os episódios e adicionou legendas em português. Você pode conferir nesse link.
A Série (dessa vez pelo Netflix)
Eis que no final de 2017 a Netflix joga uma bomba no fandom do Carniceiro de Blaviken (um dos “títulos” pelos quais Geralt é conhecido): estava em produção uma série sobre a saga do bruxo.
Inspirada basicamente pelos livros, a série é uma aposta realmente alta da gigante do streaming: com um orçamento de US$ 80 milhões para a primeira temporada (que conta com oito episódios) “The Witcher” compete com o fenômenos de audiência “Game of Thrones” (que, na verdade, só passou a contar com orçamentos tão gordos lá pela terceira temporada, quando a série já era um estrondoso sucesso). Deu até para pagar o cachê do Henry Cavill, um ator já bastante tarimbado em Hollywood (se não ligou o nome à pessoa, ele á mais conhecido por ter interpretado o Superman na sua versão mais recente, mas também participou de “Missão: Impossível – Efeito Fallout” e da aclamada série “The Tudors”, sobre a realeza britânica).
E mais: a Netflix parece estar bastante segura de uma ótima recepção para “The Witcher”, uma vez que a segunda temporada foi confirmada antes mesmo do lançamento da primeira (que ocorre na próxima sexta-feira, dia 20/12).
Material base para isso está disponível. Orçamento para efeitos especiais caprichados também. Aqui no UniversoRPG nossa expectativa é de uma série produzida com muito cuidado e capricho, mantendo fidelidade suficiente ao material de Sapkowski para não decepcionar os fãs mais antigos, mas também capaz de cativar toda uma nova legião deles.
E vocês, aventureiros? Como está o hype para mais esse lançamento?
Henrik “Ghost” Chaves
Henrik “Ghost” Chaves é fã de D&D (mas acha que a edição 3.5 foi a melhor de todas) e de tudo relacionado aos Mitos de Cthulhu. Música (rock), literatura (fantástica), cinema (pipoca) e boardgames (modernos) estão entre seus outros hobbies.