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Reflita, repense e mude suas atitudes.

Reflita, repense e mude suas atitudes.


Por: marina | 08/03/2017

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Mestre RPG

Todos os anos no dia 08/03 vejo homens, mulheres e principalmente empresas falando sobre como as mulheres merecem todo o direito, igualdade e respeito do mundo. Mas quando esse dia acaba vejo relatos e mais relatos de violência, de abuso, de morte e humilhação contra mulheres. E é por isso que hoje o Universo RPG não parabeniza, mas aborda um assunto recorrente que é o machismo no mundo nerd. Veja, não estamos categorizando tipos de machismo nem classificando, mas mostrando que ele existe em diversas situações, mesmo em jogos e interpretações de personagens, por isso acreditamos toda violência precisa ser parada, não somente o machismo.

Acho prudente começar a abordar esse assunto lá atrás, quando as mães e pais categorizavam com muito mais rigor o que eram brinquedos de meninas e o que eram brinquedos de meninos. Não que fizessem por mal, o mundo era bem diferente de como conhecemos hoje. Mas o fato é que isso acontecia e creio que é por isso que temos menos mulheres jogando video game ou RPG atualmente. O lado bom é que vejo que esse tipo de comportamento já mudou, mas hoje a gente ouve frases como “esse jogo é de menina” e esse tipo de ofensa não é só para as mulheres não, garotos e homens que gostam de jogos como Candy Crush sofrem por isso e às vezes precisam jogar escondidos pra poder se divertir um pouco.

Mas o grande fato é que a maioria dos jogos são feitos por homens e para homens. Eu sempre fui grande fã de vídeo games e tive gerações e consoles diferentes desde a minha infância. E quando cheguei no playstation 2, com meus 13 ou 14 anos vi uma infinidade de jogos excelentes, mas cara… machistas até dizer chega! E aí além de me sentir desconfortável com os jogos, daí pra frente foi só ladeira abaixo. Vamos lá, meu maior exemplo de todos: God of War; todos eles. Quem não curte esse jogo? Nas primeiras cenas da versão pro PSP o Kratos precisa transar com, não uma, mas TRÊS mulheres lindas e nuas que estão na frente dele. E depois ele pode repetir isso quantas vezes quiser e o melhor, amiguinho, ele ganha vida por isso! Quer outro exemplo? Vou voltar no tempo, GTA San Andreas, o Carl Johnson arranja algumas namoradas no meio do caminho e você pode (e em alguns momentos é até importante) que mantenha o relacionamento com todas ao mesmo tempo sem que elas descubram. Você pode levar sua mulher pra sair, o que custa caro e transar com ela. Afinal, mulheres só servem pra isso…

E eu me pergunto, por que todo esse sexismo? Isso apenas reforça uma visão estúpida para os jogadores e faz com que eles compartilhem esse tipo de pensamento adiante. Com os amigos, com as amigas e na vida. Aí você pensa que eu estou exagerando, mas quando você pega um Diablo pra jogar é incrível como as armaduras dos personagens homens são estilosas, eles usam armaduras em todo o copo, mas experimente jogar com uma personagem mulher, todas elas estão de top, shorts e uma bota mega blaster sexy com um salto 15. Quem em sã consciência vai a luta vestida assim, podendo ferir a barriga? Isso sim é exagerado. 🙂

Nos jogos online a coisa fica mais escancarada ainda, pois ali o agressor é oculto, está atrás de um personagem anônimo e que utiliza um nickname. Não param de acontecer casos de abuso onde as meninas são expostas por serem apenas do sexo feminino ou abusadas no melhor estilo “manda peitinho em troca de alguns itens” e se você responde não é xingada de todos os nomes mais baixos possíveis.

Na vida real, essas situações não param de acontecer, veja o depoimento abaixo da Amanda Oliveira, jogadora de RPG e games:

Uma vez eu entrei numa loja de games, e só tinha piá. Sério, eu cheguei e começou a fazer um silêncio, ai eu olhava pros lados e os caras ou estavam olhando ou disfarçando. Eu sai da loja sem comprar nada porque eu não conseguia ficar ali dentro nessa situação.

E isso acontece com frequência, quantas vezes entrei em lojas pra ver quadrinhos ou pra ver board games e vi grupos de homens e garotos me olhando como se eu fosse um ET naquele ambiente.

No RPG isso não é diferente, há relatos de amigas minhas que perderem até mesmo a amizade porque o amigo ficava tentando forçar cenas de pegação com os personagens delas. Isso na frente de namorados e maridos. Esse tipo de atitude precisa parar de acontecer, para que nós, meninas ou mulheres possamos nos divertir, nos distrair jogando uma partida online ou RPG sem nos sentirmos menosprezadas, excluídas, diminuídas ou como objetos. Afinal de contas, essa percepção não se da só quando crescemos, quantas matérias eu li de crianças e adolescentes que não se sentem representadas pelos jogos atuais?!

A violência precisa parar, o preconceito precisa ser vencido e todos nós precisamos fazer o que os jogos se propõe a fazer: nos divertir.

Que nesse ano tenhamos mais homens dispostos a mudar suas atitudes e incluir o sexo feminino com respeito nos jogos. Abaixo você pode conferir outras referências bem bacanas sobre o assunto:

Esse AntiCast aborda o assunto de uma maneira excelente e serve para refletir.

E essa é uma conferência sobre RPG e Mulheres, lançada pelo Moostache com opiniões e abordagens também muito interessantes.

Reflita, repense e mude suas atitudes.

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Marina K. Cristo

Product Owner, faixa amarela de Krav Maga e questionadora nas horas vagas. É casada com o melhor mestre de Star Wars e ama de paixão suas vira-latas. De carisma e inteligência fortes, pouca destreza, mas muita constituição, vem trabalhando ao longo dos anos pra aumentar seu atributo de sabedoria e fazer jogadas incríveis na vida.